É preciso ter cuidado com os atalhos. O caminho da espiritualidade é um caminho difícil. Toda a complexidade do existir e da experiência espiritual não pode ser simplificada, tatuada de superficialidade, arranjada com recursos técnicos, no caminho árduo da espiritualidade e maturidade não existem atalhos.
O cristianismo da atualidade vive de uma superficialidade dos que lidam com a Bíblia, o chamado analfabetismo bíblico, vive também de um aglomerado cada vez maior de pessoas prometendo soluções mágicas, num verdadeiro desastre da velocidade. O tempo hoje é a neurose da humanidade.Essa geração é fascinada pelos caminhos mais curtos. Poucos querem trilhar os caminhos árduos da obediência, dignidade, trabalho, honra, respeito, formação sólida de caráter. Não existe espiritualidade a controle remoto.
Na busca por facilidade, muitos correm ao encontro dos “especialistas” da fé. Homens que prometem "dez passos, sete dias, cinco ondas, guerras espirituais fantásticas e mirabolantes, retiros místicos". Pessoas que buscam satisfação imediata, deixam de ser cristãos e passam a ser consumidores impacientes e narcisistas. Gente que prefere o imediatismo fantasioso ao crescimento natural e maduro; relações superficiais ao invés de amizades verdadeiras. É o império do sintético.
Creio no poder de Deus, creio que podemos até fazer congressos, campanhas e retiros, só não podemos é criar atalhos para a vida e para a fé. Poucos querem enfrentar os desertos e vales da vida. Poucos querem ter paciência na tribulação ou suportar a dor e o sofrimento (II Co. 4.8-11). O escritor T. L. Cuyler, disse: “Algumas vezes Deus lava os olhos de seus filhos com lágrimas, para que eles possam ler corretamente sua providência e seus mandamentos”.
Muitos procuram por intimidade com Deus, porém, a falsa sensação de intimidade produzida pela facilidade, pode produzir também um falso sentimento de liberdade. Não existem atalhos para o amadurecimento. Uma das metáforas usadas por Jesus para falar de espiritualidade é a da semeadura e colheita (Lc. 8.4-15), que mostra perfeitamente a dura realidade da vida.
Carecemos de uma vivência que obedeça as Escrituras, que desenvolva a prática da oração sincera e honesta, que cresça numa íntima e verdadeira comunhão, o convívio amoroso com os irmãos, que restaure a relação pastoral madura e confiável. Somente assim, poderemos vencer os dramas da vida. Jesus nunca simplificou, Ele encarou a cruz e toda a sua crueldade, H. C. Trumbull, disse que “o Calvário mostra como os homens podem ir longe no pecado, e como Deus pode ir longe para salvá-los”.
É hora de resgatarmos a genuína espiritualidade.
Alan Brizotti
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