sexta-feira, 1 de outubro de 2010

DIA DO IDOSO

DIA DO IDOSO
1º DE OUTUBRO
“Cada Momento 
É... Um Momento Novo!
Renasça!”


"Agora que a velhice começa preciso aprender com o vinho a melhorar envelhecendo e sobretudo a escapar do perigo terrível de, envelhecendo, virar vinagre".
(
D. Helder Câmara)

Morrer em vida é fatal
Nunca esqueci de uma senhora que, ao responder por quanto tempo pretendia trabalhar, respondeu com toda a convicção: “Até os 100 anos”. O repórter, provocador, insistiu: “E depois?”. “Ué, depois vou aproveitar a vida”.
É de se comemorar que as pessoas aparentem ter menos idade do que realmente têm e que mantenham a vitalidade e o bom humor intactos – os dois grandes elixires da juventude. No entanto, cedo ou tarde (cada vez mais tarde, aleluia), envelheceremos todos. Não escondo que isso me amedronta um pouco. Ainda não cheguei perto da terceira idade, mas chegarei, e às vezes me angustio por antecipação com a dor inevitável de um dia ter que contrapor meu eu de dentro com meu eu de fora.

Rugas, tudo bem. Velhice não é isso, conheço gente enrugada que está saindo da faculdade. A velhice tem armadilhas bem mais elaboradas do que vincos em torno dos olhos. Ela pressupõe uma desaceleração gradativa: descer escadas de forma mais cautelosa, ser traída pela memória com mais regularidade, ter o corpo mais flácido, menos frescor nos gestos, os órgãos internos não respondendo com tanta presteza, o fôlego faltando por causa de uma ladeira à toa, ainda que isso nem sempre se cumpra: há muitos homens e mulheres que além de um ótimo aspecto, mantêm uma saúde de pugilista.
A comparação com os pugilistas não é de todo absurda: é de briga mesmo que estamos falando. A briga contra o olhar do outro.
Muitos se queixam da pior das invisibilidades: “Não me olham mais com desejo”. Ouvi uma mulher belíssima dizer isso num programa de tevê, e eu pensei: não pode ser por causa da embalagem, que é tão charmosa. Deve estar lhe faltando ousadia, agilidade de pensamento, a mesma gana de viver que tinha aos 30 ou 40. Ela deve estar se boicotando de alguma forma, porque só cuidar da embalagem não adianta, o produto interno é que precisa seguir na validade.

Quem viu o filme Fatal deve lembrar do professor sessentão, vivido por Ben Kingsley, que se apaixona por uma linda e jovem aluna (Penélope Cruz) e passa a ter com ela um envolvimento que lhe serve como tubo de oxigênio e ao mesmo tempo o faz confrontar-se com a própria finitude. No livro que deu origem ao filme (O Animal Agonizante, de Philip Roth), há uma frase que resume essa comovente ansiedade de vida: “Nada se aquieta, por mais que a gente envelheça”.
Essa é a ardileza da passagem do tempo: ela não te sossega por dentro da mesma forma que te desgasta por fora. O corpo decai com mais ligeireza que o espírito, que, ao contrário, costuma rejuvenescer quando a maturidade se estabelece.
Como compensar as perdas inevitáveis que a idade traz? Usando a cabeça: em vez de lutarmos para não envelhecer, devemos lutar para não emburrecer. Seguir trabalhando, viajando, lendo, se relacionando, se interessando e se renovando. Porque se emburrecermos, aí sim, não restará mais nada.

Autora: Martha Medeiros

Os Dez Mandamentos da Terceira Idade
1º - Não se aposente da vida pra se tornar a praga da família. A vida é atividade, e o verdadeiro elixir da eterna juventude é o dinamismo. Não despreze as ocupações enquanto tiver energia para as lutas cotidianas.
2º - Seja independente e preserve a sua liberdade, mesmo que seja dentro de um quartinho. Quem renuncia ao próprio lar, obriga-se a andar na ponta dos pés, pra evitar atritos com noras, genros, netos e outros parentes.
3º - Mantenha o governo da sua própria bolsa. Ajude os seus filhos financeiramente, na medida das suas posses; reserve uma parte para emergências, e lembre-se de que um filho ambicioso pode ser mais temível que um inimigo.
4º - Cultive a arte da amizade como se fosse uma planta rara, cercando os familiares de cuidados, como se fossem flores. Se a sua memória estiver falhando, anote numa agenda sentimental as datas mais importantes das suas vidas, e compartilhe com eles a alegria de estar presente.
5º - Cuide da sua aparência e seja o mais atraente possível. Não seja um daqueles velhos relaxados, que exibem caspa na gola do paletó e manchas de gordura na roupa, que revelam o cardápio da semana. Nunca despreze o uso de água e sabão.
6º - Seja cordial com os seus vizinhos. Evite implicar-se com o latido do cachorro, o miado do gato, o lixo fedorento na calçada ou o volume do rádio. Um bom vizinho é sempre um tesouro, especialmente se os parentes morarem distantes.
7º - Cuidado com o nariz, e não se intrometa na vida dos filhos adultos. Eles são seres com cérebro, coração, vontade, e contam com muitos anos para cometerem os seus próprios erros.
8º - Fuja do vício mais comum da velhice, que é a "presunção". A longa vida pode não lhe ter trazido sabedoria. Há muitos que chegam ao fim da jornada, tão ignorantes como no início dela. Deixe que a "humildade" seja a sua marca mais forte.
9º - Os cabelos brancos não lhe dão o privilégio de ser ranzinza e inconveniente. Lembre-se de que toda paciência tem limite, e que não há nada mais desagradável do que alguém desejar a sua morte.
10º - Não seja repetitivo, contando a mesma história três, quatro, cinco vezes. Quem olha só para o passado, tropeça no presente e não vê a passagem para o futuro.


A sabedoria da velhice
Confesso, com todas as letras, que por mais que tenha passado dos quarenta anos jamais havia pensado na minha velhice. Talvez porque poucas vezes eu tenha me despertado para ela. Vou tentar justificar: não conheci nenhum dos avós paternos, também não conheci a minha avó materna, e eu ainda era criança quando o meu avô morreu.
As lembranças são vagas. Para completar, meu pai faleceu com sessenta anos, quando somente alguns fios de cabelos brancos começavam a dourar-lhe a terceira idade. Graças a Deus, como presente divino, tenho minha mãe, hoje com 71 anos. Portanto, única da minha família a viver e conviver conosco essa fase da vida.
Procurado por companheiros que fazem parte do Conselho do Idoso, para fazer um cordel sobre a velhice, fui despertado a me interessar um pouco mais pelo assunto. Comecei pelo Estatuto do Idoso. Fiz pesquisa na Internet e em outras fontes, até me deparar com Cícero, em sua obra “A velhice saudável”, escrito antes de Cristo, o que me fez envolvido e apaixonado pelo assunto
Todo jovem espera viver longos anos, e longos anos significam velhice. Velhice implica a falência do vigor físico, que provém muito mais dos vícios da juventude do que da própria velhice; e a morte, embora pareça bem perto do idoso, é um risco compartilhado em qualquer fase da vida. Portanto, a morte é algo comum a qualquer idade.
Talvez por preconceito, muitos afirmam que os idosos são morosos, ansiosos, irascíveis, rabugentos e avarentos, como se não existissem jovens e crianças com as mesmas qualidades, até porque esses defeitos são influências sociais e não apenas desculpas dos preconceitos da velhice. Analogicamente, assim como nem todo vinho vira vinagre nem todo individuo azeda na velhice.
Cientificamente, já está provado que o poder da memória só decresce se ela não for cultivada. Exemplos de idosos com memórias ricas não faltam, e para muitos povos indígenas o velho é a sabedoria. Quanto ao vigor físico, ele decresce, mas em compensação seu vigor ético-moral reforça-se, já que “a velhice amadurecida em sabedoria, torna-se pólo de atração para a juventude ávida de aprendizagem”. Resumindo: o corpo e a mente se aliviam quando exercitados.
Todos somos velhos. O que foi concebido é velho se comparado ao que ainda não nasceu. O jovem é velho para a criança e, sem perceber, comumente usamos o termo “mais velho”. Assim, a busca de algo novo encanta a vida e essa abertura receptiva faz da velhice um magistério simpático para a juventude, ainda mais quando percebe que também o velho está aprendendo.
As questões sexuais são mais expressivas nos jovens do que nos velhos. Nem por isso todos adolescentes só pensam em sexo. Assim, também, acontece com os idosos: a alternância no comportamento sexual não provém, necessariamente, da idade, mas pode, também, decorrer de problemas psíquicos.
O ensinamento de Cícero, a respeito da velhice continua atual, pois assim como antes de Cristo “a velhice é honrada na medida em que se defende a si mesmo, não abre mão dos seus direitos, não se submete a outrem e, até o último suspiro, não perde o senhorio sobre os familiares”.
Por isso, é belo um jovem com a sabedoria de um idoso, assim também como um idoso com um espírito atual e jovem.
Autor: Tony Medeiros



OS BENEFÍCIOS DA PRÁTICA DE PILATES NA PREVENÇÃO DA OSTEOPOROSE

Dia do Idoso – 1º de outubro
Em 1º de outubro, comemora-se o Dia Mundial do Idoso, com a reflexão do aumento da expectativa de vida do brasileiro. No entanto, este tem sido acompanhado por uma “epidemia silenciosa”, que pode ganhar maiores proporções nas próximas décadas.
A osteoporose compromete a qualidade de vida de uma em cada três mulheres acima de 50 anos. Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), 10 milhões de brasileiros sofrem de osteoporose. Aproximadamente 75% dos diagnósticos são feitos somente após a primeira fratura. No Brasil, a cada ano ocorrem cerca de 2,4 milhões de fraturas decorrentes da osteoporose.
Exercícios físicos são recomendados e o Método Pilates tem se mostrado aliado para a prevenção e no acompanhamento durante tratamento da osteoporose. A diretora técnica do CGPA Pilates, Cristina Abrami, responde às principais questões sobre a relação da prática do método para portadores da osteoporose.
Temos uma entrevista ping-pong sobre Pilates e Osteoporose e um vídeo com as explicações da Prof. Cristina Abrami. Ela fala sobre as limitações dos exercícios para os idosos e da capacitação necessária para os profissionais de Pilates (no vídeo, professora e aluna falam dos benefícios da prática Pilates e do aumento da qualidade de vida que ela proporciona). Por fim, a diretora técnica do CGPA, dá algumas dicas para quem possui osteoporose.
Autora: Cristina Abrami

ORAÇÃO DO IDOSO
Senhor,
Alcancei em minha vida, sob tua graça,
O estágio da terceira idade
E hei de continuar vivendo
Intensamente tudo o que me designares
Com meus amigos e familiares.
Ofereço-te os sonhos realizados,
As experiências que vivenciei
Em momentos inesquecíveis.
Há sobre tudo...a energia do amor,
Que me permite conservar o espírito jovem
E o coração aberto sem envelhecer.
Ó Deus dá-me saúde para lutar e servir
Sabedoria para instruir e dialogar
Com os mais jovens.
Inspira-me a manter o otimismo e a alegria
Para não permitir que o cansaço e a tristeza
Aflijam a minha alma.
Obrigado pela missão que me confiaste
E se for de tua vontade,
Permita-me celebrar a festa da vida
Por muitos verões e primaveras.
Amém.

Autora: Gianny de Sousa Caldeira


ENVELHECENDO OU APENAS SABENDO VIVER
Algum tempo atrás, quando completei 50 anos, sem nenhuma tristeza, por ter alcançado esta idade, eu me perguntei, na condição de homem, como seria para a mulher completar 50 ou mais anos e quais seriam os sentimentos e emoções que ela viveria e sentiria face a esta nova realidade. Busquei colocar-me no seu lugar, tentando me sentir dentro dela, com uma certa idade e sendo chamada de velha ou, eufemisticamente, de idosa mesmo ciente de que, como homem eu não me sentiria assim, pois sempre vi a chamada velhice como um presente.
E sempre fui e sou o que sempre procurei ser ao longo de todos os meus anos. Procurei, no meu artigo, retratar uma situação em que uma jovem me perguntava como eu me sentia sobre ser velha, idosa ou pertencente à chamada " terceira idade". E é claro que levei um susto, porque eu não me via nem me vejo, diante dela ou de qualquer outra jovem, como uma velha. Mas ao notar a minha reação, a garota ficou embaraçada, mesmo que eu explicasse que a sua era uma pergunta interessante e que eu pensaria a respeito, para depois voltar a falar com ela. Ora, amigas e amigos, a velhice, se a sabemos ver e entender, é um presente.
E eu sou, agora, provavelmente pela primeira vez na vida, a pessoa que sempre quis ser. Oh, não meu corpo! Fico incrédula muitas vezes ao me examinar, ver as rugas, a flacidez da pele, os pneus rodeando o meu abdome, através das grossas lentes dos meus óculos, o traseiro rotundo e os seios já caíndo. E constantemente examino essa pessoa velha que vive em meu espelho (e que se parece demais com minha mãe), mas não sofro muito com isso.
Sim, meu espelho mostra o retrato de um corpo cansado, abdômen redondo, pele flácida, com estrias e celulite. Mas que guarda e resguarda uma alma jovem, animada, realizada e cheia de sonhos ainda. E eu não trocaria nada do que tenho, o carinho de minha família, amigos surpreendentes, trabalho, saúde, estabilidade, equilíbrio, cabelos brancos, experiências e a minha vida maravilhosa por uma barriga mais lisa, um corpo perfeitinho e um bumbum mais durinho. Sim, enquanto fui envelhecendo, tornei-me mais paciente, tolerante e mais condescendente comigo mesma.
Menos crítica comigo e com as minhas atitudes. E tornei-me mais amiga de mim mesma. Mais solidária, menos egoísta, mais fraterna, mais simples, menos encucada e complexada. E não mas me preocupo com a blusa fora de moda, com a empregada atrasada, com o filho preguiçoso. Nem com o marido desligado ou com os netos precoces e incomodativos. Não fico me censurando se quero comer um doce ou um bolinho de bacalhau a mais, ou se tenho preguiça de arrumar minha cama. Ou se compro um anãozinho ou um gnomo que não necessito, mas que ficou tão lindo no meu jardim ou na cabeceira de minha cama. Eu conquistei o direito de matar as minhas vontades, de ser bagunceira e de ser exótica e extravagante. Passo meses sem abrir um crediário mas todo sábado vou ao salão.
E estou linda, estou bem, usando um perfume bom e cheiroso! Dou presentes a quem quero e ajudo quem precisa. Posso ter o que eu quiser, sem ser obcecada nem compulsiva. E quem vai me criticar porque faço tricô ao invés de ler um livro? Quem vai se preocupar se prefiro ver novelas a um filme? Se assisto a um programa de variedades e não um documentário cheio de catástrofes? Quem vai me censurar se resolvo ficar lendo ou jogando paciência no computador até às 4 da manhã para depois só acordar a hora que quero? Sim, infelizmente, ainda lembro de amigos que perdi muito jovens.
E quantos filhos de amigos meus, não tiveram o prazer de ver o seu rosto envelhecer? Nem de ter filhos ou de vê-los crescer? De fato, vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de compreenderem a grande liberdade que vem com e através do envelhecimento. Liberdade que me propiciou e me faz dançar ao som daqueles sucessos maravilhosos das décadas de 50, 60, 70. E se, de repente, chorar lembrando de alguma paixão daquela época, posso chorar mesmo! E andar pela praia em um maiô cafona, estampado, excessivamente esticado sobre o meu corpo decadente, além de mergulhar nas ondas dando pulinhos se quiser, apesar dos olhares penalizados dos outros.
Sabendo que eles, também, se conseguirem, envelhecerão. No entanto, apesar de tudo isso, busco e quero esquecer alguns fatos, também... Mas é certo que preciso lembrar de muitos outros por que tenho mil histórias para contar… E mesmo sabendo que ando esquecendo muita coisa, sei que esquecer faz bem e é bom para se poder perdoar. Sim, pensando bem, há muitos fatos na vida que merecem ser esquecidos. Mas das coisas importantes, eu me recordo freqüentemente. Certo, ao longo dos anos, o meu coração sofreu muito mas também se revigorou. Perdi amores, amigos, parentes, animais, flores, roupas, livros e até jóias. Mas como não sofrer quando se perde um grande amor, ou quando uma criança sofre, ou quando um animal de estimação é atropelado por um carro? Sei, em contrapartida, que corações partidos são os que nos dão a força, a compreensão e nos ensinam a compaixão. Um coração que nunca sofreu, e é imaculado e estéril, nunca conhecerá a alegria de ser forte, apesar de imperfeito. Em troca de viver tudo isso ganhei coragem, força, garra e vontade de recuperar tudo…
E estou feliz por viver e envelhecer neste milênio. Sou uma testemunha ocular de dois séculos, o XX e o XXI, estimulantes, desafiadores e profícuos. Sou abençoada por ter vivido o suficiente para ver meu cabelo embranquecer e ainda querer tingi-los a meu bel prazer. E por ter os risos da juventude e da maturidade gravados para sempre em sulcos profundos no meu rosto. Ao contrário de muitos que nunca riram, e que morreram antes que seus cabelos pudessem ficar prateados. Descobri, também, que conforme envelhecemos, fica mais fácil ser positivo. E ligar menos para o que os outros pensam. Eu não me questiono mais sobre nada disso. Conquistei o direito de estar errada e não ter que dar explicações. E por não querer andar calçada, andei e andarei descalça. Andando de vestido por não ter calças. Passando frio por não ter nem querer agasalho. Escrevendo em papel de embrulho por não ter cadernos a mão quando preciso. Sim, eu conheci o rádio ainda criança. E as novidades como usar batom, esmalte e xampu me seduziam.
Na época era tudo o que uma adolescente queria. Estudei precariamente mas sempre me esforcei. E fui conquistando os meus espaços, a minha independência, a minha identidade e aprendendo a gostar da pessoa que me tornei. E sei que não vou viver para sempre. Mas não viverei para lamentar, nem invejar. Nem desperdiçar o que tive, tenho e ainda terei. O futuro ainda me instiga e me fascina. E enquanto eu o espero quero ser apenas eu. Comer sem remorsos, caminhar sem dores. Dormir sem medos e fazer o que eu gosto, Estar com quem amo, filhos, companheiro, amigos, netos e afins. Assim, respondendo à pergunta daquela jovem graciosa, fruto de minha imaginação como escritor, posso afirmar, por ela, mesmo sendo Homem: Eu gosto de ser velha , ou idosa, como preferirem. Libertei-me! Gosto da pessoa que me tornei e que sou. Ciente que não vou viver para sempre.
Mas que enquanto estiver por aqui, não desperdiçarei o meu tempo, lamentando o que poderia ter sido e não foi. Ou me preocupando, ao ponto de não viver o melhor da vida, pensando no que virá ou poderá vir. E comerei sobremesa todos os dias, repetindo-a, se assim me aprouver. Pensando e acreditando, lá dentro de mim, que nunca me sentirei só. Mesmo sabedor que, para muitas pessoas, a progressão na idade é sinônimo de decadência física e mental. De uma certa anulação do indivíduo, e de uma quase desistência de fazer parte integrante e atuante na dinâmica da vida familiar e social. Sim, não posso desconhecer que para muitos ela traz um sinônimo de inutilidade ou uma interdição de alguns sonhos e desejos, uma abdicação da dignidade e da auto estima de quem mesmo estando vivo, corre o perigo de torna-se o espectro de si mesmo. Mas para mim, a velhice é exatamente, o contrário, e é como a encara a jovem velhinha, que eu criei no texto: uma festa, uma celebração da vida e um ato de agradecimento a Deus por ter conseguido chegar até onde já cheguei. Chegar tão bem e tão saudável, varando as décadas, sem deixar jamais que o homem jovem que em mim existe se fosse embora.
Sim, sou um homem especial, amigo, receptivo e carinhoso, e se amizades antigas teimam e teimarem em partir antes de mim, outras novas, assim como você, de mim se aproximarão para buscar o que terei sempre para dar enquanto viver: experiência, carinho, amizade e muito amor.
Autor: Roberto Romanelli Maia


DA MINHA PRECOCE NOSTALGIA
Quando eu for bem velhinha, espero receber a graça de, num dia de domingo, me sentar na poltrona da biblioteca e, bebendo um cálice de Porto, dizer a minha neta:
- Querida, venha cá. Feche a porta com cuidado e sente-se aqui ao meu lado. Tenho umas coisas pra te contar. E assim, dizer apontando o indicador para o alto:
- O nome disso não é conselho, isso se chama corroboração! Eu vivi, ensinei, aprendi, caí, levantei e cheguei a algumas conclusões. E agora, do alto dos meus 82 anos, com os ossos frágeis a pele mole e os cabelos brancos, minha alma é o que me resta saudável e forte. Por isso, vou colocar mais ou menos assim:

É preciso coragem para ser feliz. Seja valente. Siga sempre seu coração. Para onde ele for, seu sangue, suas veias e seus olhos também irão. E satisfaça seus desejos. Esse é seu direito e obrigação. Entenda que o tempo é um paciente professor que irá te fazer crescer, mas escolha entre ser uma grande menina ou uma menina grande, vai depender só de você. Tenha poucos e bons amigos. Tenha filhos. Tenha um jardim. Aproveite sua casa, mas vá a Fernando de Noronha, a Barcelona e a Austrália. Cuide bem dos seus dentes. Experimente, mude, corte os cabelos. Ame. Ame pra valer, mesmo que ele seja o carteiro.
Não corra o risco de envelhecer dizendo "ah, se eu tivesse feito..." Tenha uma vida rica de vida. Vai que o carteiro ganha na loteria - tudo é possível, e o futuro, tsc, é imprevisível. Viva romances de cinema, contos de fada e casos de novela. Faça sexo, mas não sinta vergonha de preferir fazer amor. E tome conta sempre da sua reputação, ela é um bem inestimável. Porque sim, as pessoas comentam, reparam, e se você der chance elas inventam também detalhes desnecessários.
Se for se casar, faça por amor. Não faça por segurança, carinho ou status. A sabedoria convencional recomenda que você se case com alguém parecido com você, mas isso pode ser um saco! Prefira a recomendação da natureza, que com a justificativa de otimizar os genes na reprodução, sugere que você procure alguém diferente de você. Mas para ter sucesso nessa questão, acredite no olfato e desconfie da visão. É o seu nariz quem diz a verdade quando o assunto é paixão.
Faça do fogão, do pente, da caneta, do papel e do armário, seus instrumentos de criação. Leia. Pinte, desenhe, escreva. E por favor, dance, dance, dance até o fim, se não por você, o faça por mim. Compreenda seus pais. Eles te amam para além da sua imaginação, sempre fizeram o melhor que puderam, e sempre farão. Cultive os amigos. Eles são a natureza ao nosso favor e uma das formas mais raras de amor. Não cultive as mágoas - porque se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida é que um único pontinho preto num oceano branco deixa tudo cinza. Era só isso minha querida.
Agora é a sua vez. Por favor, encha mais uma vez minha taça e me conte: como vai você?
Por Maria Sanz Martins


OS PAIS ENVELHECEM

Talvez a mais rica, forte e profunda
experiência da caminhada humana seja
a de ter um filho.
Plena de emoções, por vezes
angustiantes, ser pai ou mãe é provar
os limites que constituem o sal e
o mel do ato de amar alguém.
Quando nascem, os filhos comovem
por sua fragilidade, seus imensos
olhos, sua inocência e graça.
Basta vê-los para que o coração se
alargue em riso e cor.
Um sorriso é capaz
de abrir as portas de um paraíso.
Eles chegam à nossa vida com
promessas de amor incondicional.
Dependem de
nosso amor, dos cuidados que temos.
E retribuem com gestos que
enternecem.
Mas os anos passam e os filhos crescem.
Escolhem seus próprios caminhos,
parceiros e profissões.
Trilham novos rumos, afastam-se
da matriz.
O tempo se encarrega da formação
de novas famílias.
Os netos nascem.
Envelhecemos.
E, então, algo começa a mudar.
Os filhos já não têm pelos pais aquela
atitude de antes.
Parece que agora só
os ouvem para fazer críticas,
reclamar, apontar falhas.
Já não brilha mais nos olhos deles
aquela admiração da infância e isso
é uma dor imensa para os pais.
Por mais que disfarcem, todo pai e mãe
percebem as mínimas faíscas no olho de
um filho.
É quando pais, idosos, dizem para
si mesmos:
Que fiz eu? Por que o encanto acabou?
Por que meu filho já não me tem como
seu herói particular?
Apenas passaram-se alguns anos e
parece que foram esquecidos os
cuidados e a sabedoria que antes
era referência para tudo na vida.
Aos poucos, a atitude dos filhos se
torna cada vez mas impertinente.
Praticamente não ouvem mais
os conselhos.
A cada dia demonstram mais impaciência.
Acham que os pais têm opiniões
superadas, antigas.
Pior é quando implicam com as manias,
os hábitos antigos, as velhas músicas.
E tentam fazer os velhos pais se
adaptarem aos novos tempos,
aos novos costumes.
Quanto mais envelhecem os pais, mais
os filhos assumem o controle.
Quando eles estão bem idosos, já não
decidem o que querem fazer ou o
que desejam comer e beber.
Raramente são ouvidos, quando
tentam fazer algo diferente.
Passeios, comida, roupas,
médicos - tudo passa a
ser decidido pelos filhos.
E, no entanto, os pais estão
apenas idosos.
Mas continuam em plena posse
da mente.
Por que então desrespeitá-los?
Por que tratá-los como se fossem
inúteis ou crianças sem discernimento?
Sim, é o que a maioria dos filhos faz.
Dá ordens aos pais, trata-os como se
não tivessem opinião ou capacidade
de decisão.
E, no entanto, no fundo daqueles olhos
cercados de rugas, há tanto amor.
Naquelas mãos trêmulas, há sempre
um gesto que abençoa, acaricia.
* * *
A cada dia que nasce, lembre-se, está
mais perto o dia da separação.
Um dia, o velho pai já não estará aqui.
O cheiro familiar da mãe estará ausente.
As roupas favoritas para sempre
dobradas sobre a cama, os chinelos em
um canto qualquer da casa.
Então, valorize o tempo de agora
com os pais idosos.
Paciência com eles
quando se recusam a tomar os
remédios, quando falam
interminavelmente sobre
doenças, quando se queixam de tudo.
Abrace-os apenas, enxugue suas lágrimas
ouça suas histórias (mesmo que
sejam repetidas)e dê-lhes
atenção, afeto...
Acredite: dentro daquele velho coração
brotarão todas as flores da esperança
e da alegria.

(autor não mencionado)


OS NOVOS IDOSOS
O Brasil tem 18 milhões de pessoas com mais de 60 anos, mas, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), para 2020, a estimativa é de que 12% da população brasileira seja de idosos - cerca de 25 milhões de pessoas. O IBGE indica que este segmento movimenta R$ 7 bilhões por mês.
O presidente Nacional do Conselho do Idoso, Perly Cipriano, afirma que o envelhecimento é um fenômeno mundial: há hoje no mundo 600 milhões de pessoas com mais de seis décadas de vida.
Cada vez mais idosos vivem de forma saudável e ativa. Aproveitando o tempo livre depois de uma vida de trabalho, fazem tudo que sempre tiveram vontade de fazer e nunca deu tempo.
E esse estilo de vida tem aumentado a longevidade da população idosa. A pesquisa do IBGE revela que a expectativa dos brasileiros está se aproximando dos 72 anos de vida.
Fôlego para viver muito e viver bem, sem lutar contra o tempo, esses simpáticos "noventões" encontraram a fórmula da juventude.
Eles dançam, malham, estudam, jogam, brincam, confraternizam e são, sim, muito felizes. As marcas do tempo no corpo e o peso da idade não os impedem de fazer nada. Nada mesmo.
Foi-se o tempo em que a imagem dos idosos era ligada àquela tranqüilidade do balanço de uma rede num dia parado, sem responsabilidades e nada para fazer. Hoje, eles vivem intensamente e com mais qualidade, já que unem a busca pela saúde ao prazer.
Nesse sentido, o SESC Rio oferece uma programação específica e sistemática à terceira idade durante todo o ano.
Hoje, ter 70, 80, 90 anos não é apenas um sonho para poucos. Tem muita gente com essa idade se divertindo por aí. Gente que sabe valorizar os avanços da ciência e da medicina e aproveitar muito bem o tempo que ganhou a mais.
Eles se recusam a fazer o papel de vítimas do tempo. Aproveitam tudo o que a ciência e a medicina fazem para esticar e melhorar o processo do envelhecimento.
Aumentaram os idosos, mas o Brasil ainda é jovem. Já houve um tempo em que esse era apenas um sonho para poucos.
Os brasileiros que nasciam em 1900 tinham uma expectativa de vida de apenas 34 anos. Na década de 60, melhorou: 56 anos.
O rápido envelhecimento da população brasileira de mais de 80 anos está no diagnóstico elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento Social.
De acordo com o professor de gerontologia da Universidade Católica de Brasília (UCB) Vicente Faleiros, há um crescimento maior da população com mais de 80 anos do que o conjunto geral de idosos.
"Enquanto o conjunto dos idosos está aumentando em torno de 3,5% ao ano, os idosos com mais de 80 anos estão aumentando 4,7% ao ano.
Já temos no Brasil hoje idosos jovens, que são os de 60 a 70 anos; os medianamente idosos, de 70 a 80 anos, e os muito idosos", explicou. "É preciso que a sociedade se prepare para esse fenômeno.
As pessoas estão vivendo mais, mas precisam viver com qualidade de vida", disse Cipriano, presidente Nacional do Conselho do Idoso.
O aumento de pessoas com mais de 60 anos na População Economicamente Ativa (PEA) brasileira também é uma realidade. Em 1977, os trabalhadores idosos respondiam por 4,5% da PEA.
O percentual dobrou em 1998. E a expectativa é que em 2020, 13% da PEA seja formada por integrantes da terceira idade. A inserção do idoso em universidades vem se difundindo e representa uma nova forma de promover a saúde da pessoa que envelhece, através de ação interdisciplinar comprometida com a inserção do idoso como cidadão ativo na sociedade.
Cresce o número de idosos que sustetam a família.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no modelo da nova família, o idoso possui um papel significativo.
O percentual de idosos chefes de família passou de 60,4% em 91 para 62,4% em 2000, o que corresponde a 8,9 milhões ( ¼ dos lares brasileiros) e, desse universo, 54,5% vivem com os filhos e os sustentam.
Terceira Idade no SESC Rio
O SESC Rio desenvolve no estado mais de 500 programas nas diversas áreas de atuação. Com uma programação que envolve as áreas de Saúde, Educação, Turismo, Cultura e Esporte e Lazer, o SESC Rio vem estimulando a participação de idosos na busca por uma velhice ativa.
As unidades da Instituição oferecem diversas atividades - como por exemplo, terceira idade com envelhecimento saudável, atividades esportivas, passeios, palestras sobre odontologia na terceira idade, encontros de convivência, jogos recreativos, espaço solidário, universidade aberta da maturidade entre outras - que promovem a auto-estima, a integração social entre gerações, a inclusão, a autonomia e o envelhecimento com dignidade e a qualidade de vida.
De janeiro a agosto desse ano, dos 275 mil atendimentos , mais de um terço foi de idosos.
Fátima Gomes - Ass. de Imprensa do SESC Rio
Tels.: (21) 3138-1594 ou 8128-8364 ou 9603-3068

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