segunda-feira, 11 de outubro de 2010

JÁ TIROU SEU COCHILINHO HOJE?


A ciência comprova que dormir depois do almoço faz bem. É preciso respeitar os ritmos biológicos
Por Simone Muniz
Você já pode pleitear um sofá para tirar um cochilo depois do almoço sem constrangimentos.

Está comprovado cientificamente que a sesta faz bem. Segundo estudos da área de cronobiologia, nova disciplina que destaca a importância de se respeitar o ritmo de produção de cada ser humano, o ideal é dormir de 10 a 20 minutos no início da tarde, logo após o almoço.
Cronobiologia é a ciência que estuda os relógios biológicos, ou seja, a regularidade dos mecanismos de produção do corpo. Verifica as alterações de sono e de disposição física e mental de cada um.
De acordo com a disciplina, o ritmo biológico está relacionado, principalmente, com a fisiologia, o clima da região, a hora do dia, as estações do ano e os hábitos pessoais.

Os estudos da equipe do professor e cronobiologista John Araujo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, constataram que descansar no início da tarde faz parte do ciclo biológico de vários primatas, como o macaco sagui.
"Trata-se de um mecanismo inerente à espécie", diz John. Ele confirma a maioria das pesquisas internacionais que acreditam que também o ser humano fica menos disposto no início da tarde. "Uma aula às 13h, por exemplo, rende muito menos do que se fosse mais tarde", afirma.
Segundo ele, nos homens e em certos animais, a atenção começa a diminuir em torno do meio-dia, o horário, geralmente, mais quente.
"Quando está muito calor, o organismo precisa de parar de produzir para se equilibrar.
As atividades, físicas ou mentais, aquecem ainda mais o organismo e arriscam um desequilíbrio e uma desidratação", explica John Araujo.
Como a menor disposição no horário da tarde está relacionada com o equilíbrio da temperatura corporal, fica fácil entender que o clima da região e a estação do ano também influenciam na necessidade da sesta.
Quanto mais quente, mais o corpo pede para parar.
"Povos como os brasileiros têm maior disposição para fazer a sesta do que os do hemisfério norte.
Mas há um preconceito muito grande, não respeitamos o nosso ritmo", desabafa Araujo.
Segundo os pesquisadores, ainda existem várias questões a serem esclarecidas sobre a sesta. Mas ninguém duvida que a necessidade de descansar no início da tarde também aumenta quando comemos muito ou se optamos por alimentos pesados.
Ao se alimentar, o organismo desvia parte do calor e da energia para realizar a digestão", explica o cronobiologista Luiz Menna-Barreto, do Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento de Ritmos Biológicos da Universidade de São Paulo. Se a qualidade e a quantidade dos alimentos exigem mais calor e mais energia para digerir, atrapalha a realização das atividades físicas e mentais

É claro que, além de todos esses fatores, os hábitos de cada um também influenciam na hora da preguiça e da sonolência à tarde.
O mais importante, de acordo com os cronobiologistas, é a consciência e o respeito ao ritmo próprio.
"Não somos máquinas", diz Luiz Menna-Barreto. "Podemos administrar muito melhor o tempo de atividade e de repouso", completa.
Efeitos do Cochilo após o almoço
Cochilo depois do almoço estimula aumento da concentração
Quem pensa que dormir depois do almoço é coisa de preguiçoso, está muito enganado. Estudos revelam que siesta aumenta aprendizado e memorização.
Todos sabem que dormir bem ajuda a manter a saúde. Mas o sono ainda é cercado de desconhecimento e mitos, como o de que precisamos dormir 8 horas por dia. "Isso é mentira", diz Marco Túlio de Mello, chefe da disciplina de medicina e biologia do sono do Departamento de Psicobiologia da Unifesp. "Acontece que a média da população precisa de sete horas e 40 minutos de sono para sentir-se bem, mas há os curtos dormidores, que necessitam de menos de seis horas e meia, e os longos, que requerem mais de 8 horas."
A "siesta" é outro tema que desperta opiniões controversas. Enquanto uns acham que cochilar depois do almoço é um merecido descanso, outros veem a prática com pouca tolerância. Mas cada vez mais estudos vêm demonstrando que a soneca traz benefícios físicos, como a recuperação do corpo, e mentais, como o aumento da concentração. "Ela é ótima para quem vai trabalhar à tarde", diz Mello. >Há quem não se adapte, porém, e acorde do cochilo vespertino meio mal humorado ou "grogue". "Mas a maioria se beneficiaria", afirma o psicobiólogo. O ideal, portanto, é que cada um experimente a siesta para saber se ela vai funcionar.

E se alguém falar pra você que cochilo é coisa de preguiçoso, diga que um estudo da Universidade de Harvard mostrou que sonecas diárias de 45 minutos são suficientes para turbinar a memória e o aprendizado. Não é um ótimo argumento?
A sesta perfeita
Você pode até usar o carro, baixando os bancos o máximo possível - mas estacione num lugar seguro;
Caso haja barulho, use tapa-ouvidos ou ouça música calma. Vale também sons de ondas, de pássaros, o que você considerar relaxante;
Feche as janelas, cortinas ou use uma máscara. A escuridão estimula a produção de melatonina, hormônio indutor do sono;
Segundo os fisioterapeutas, esta é a melhor posição para dormir: corpo de lado, com o travesseiro entre o ombro e o pescoço, e pernas levemente dobradas (pode haver um travesseiro ou almofada entre elas);Faça sua siesta entre 12h e 14h. Nesse período, nossa temperatura tende a cair, estimulando o sono;
Programe um despertador para dormir entre 20 e 40 minutos, coincidindo o despertar com uma fase de sono leve. Sono atrasado? Vá de 90 minutos, um ciclo de sono completo;
Faça um almoço leve, rico em salada, legumes e frutas. Uma refeição pesada pode derrubar você Tome um café antes. A cafeína leva uns 25 minutos para fazer efeito e vai "bater" na hora de acordar. Isso só funciona para não-viciados;
Aprenda técnicas de meditação para relaxar a mente.
CONHEÇA OS BENEFÍCIOS DA SESTA
Por Dr. Fausto Ito - Dentista
Membro da Associação Brasileira do Sono e Diretor
da ITO Clínica (RJ).
"Depois os homens se ergueram e foram dormir a sesta e as
mulheres puseram-se a lavar os pratos".
Este trecho extraído de, Ana Terra, de Érico Veríssimo, se refere a uma tradição que surgiu na Europa no século XIII e que mesmo com todo o progresso da humanidade e o ritmo acelerado da vida moderna tende a se espalhar pelo mundo afora. A sesta é um hábito cultural fortemente arraigado em países como a Espanha, Itália e Portugal. A origem da palavra vem do latim sexta e quer dizer meio-dia – a sexta hora do dia romano que se inicia às 6 da manhã.
Há relatos de que a sesta surgiu como uma reação ao clima e que por isto as pessoas optavam por dormir nas horas mais quentes do dia e trabalhar nas horas mais frescas. É conhecida como um hábito pessoal de repouso após o almoço e que não deve ultrapassar os 40 minutos de duração. Após este tempo limite, o organismo começa a entrar em sono profundo e despertar durante esta fase do sono pode provocar sensação de cansaço, lentidão e confusão mental.
Hoje, sabemos que a vontade de tirar uma soneca pós-prandial acontece devido a uma coincidência com a queda na temperatura do corpo humano a qual favorece o sono. Tal fato é moderado por neurotransmissores e ocorre em 2 momentos distintos ao longo do dia: o primeiro acontece por volta das 13 horas e o segundo, à noite, às 22 horas para induzir o sono noturno.
Fato é que um cochilo depois do almoço pode fazer um bem enorme para qualquer pessoa e também para as empresas que adotam o método. A técnica da sesta é uma prática agradável que revigora, melhora o estado de alerta à tarde e alivia o estresse. Diversas empresas no mundo, inclusive no Brasil, já disponibilizam instalações para descanso dos funcionários, uma vez que essa prática melhora a qualidade de vida e o rendimento no trabalho, principalmente quando associada à alimentação e estilo de vida saudáveis.
Outra boa notícia é que não existem efeitos colaterais e todos podem se beneficiar dela sejam crianças, adultos, grávidas e idosos. As exceções ficam por conta dos insones devido à possibilidade de prejudicar o sono noturno, e das pessoas que sofrem com os distúrbios respiratórios do sono, como os roncos e as apneias obstrutivas que fragmentam o sono e provocam sonolência
excessiva durante o dia, os quais podem ser mascarados pela
sesta

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