Mulher virtuosa, quem a achará?
O seu valor muito excede ao de rubis
(Provérbios 31:10)
Eu devo alertá-lo, leitor, antes de você começar. Essas palavras são jóias antigas minadas da pedreira da minha vida. Apenas as leia se ousar valorizá-las. Pois seria melhor nunca saber do que saber e não obedecer.
As mãos que as escrevem agora são velhas, enrugadas pelo sol e trabalho. Mas a mente que as guia é sábia. Sábia pelos anos, sábia pelos fracassos, sábia pela tristeza. Eu sou Asmara, comerciante de pedras finas. Eu sou um vendedor de pedras. Eu viajo de cidade em cidade. Eu compro jóias dos escavadores numa terra e vendo-as para os compradores noutra. Resisti a noites de águas tempestuosas. Andei dias no calor do deserto. Jantei com reis. Bebi com miseráveis. As minhas mãos seguraram os rubis mais finos e acariciaram os casacos de pele mais macios. Mas eu trocaria tudo isso por uma jóia que eu nunca conheci. Não foi por falta de oportunidade que eu nunca a segurei. Houve uma chance em Madrid quando eu era jovem. Não, não foi por falta de oportunidade. Foi por falta de sabedoria. A jóia estava nas minhas mãos, mas eu a troquei por uma imitação. E agora eu temo que meus dias acabem sem que eu conheça a beleza da pedra preciosa. Eu nunca conheci o amor verdadeiro. Conheci braços. Eu vi a beleza. Mas nunca conheci o amor. Se eu tivesse aprendido a reconhecer o amor como aprendi a reconhecer pedras...
O meu pai ensinou-me sobre pedras. Ele era um cortador de pedras. Ele sentava-me à mesa diante de uma dúzia de esmeraldas. “Uma é verdadeira”, ele me dizia. “As outras são falsas. Ache a jóia verdadeira”. Eu pensava-estudando uma após a outra. Finalmente eu escolhia. Eu sempre estava errado. “O segredo”, dizia ele, “não está na superfície da pedra; está dentro da pedra”. Uma jóia verdadeira tem um brilho. Bem dentro da pedra tem um brilho. A superfície sempre pode ser polida para brilhar, mas com o tempo o brilho enfraquece. Entretanto, a pedra cujo brilho vem de dentro nunca desbotará. Com os anos, os meus olhos aprenderam a apontar pedras verdadeiras. Eu nunca sou enganado. As pedras que eu compro são autênticas. As pedras que vendo são verdadeiras. Eu aprendi a ver a luz de dentro. Se tivesse aprendido o mesmo sobre o amor...Mas eu fui enganado caro leitor, eu fui enganado. Eu passei minha vida em lugares que não deveria ir, procurando alguém com olhos brilhantes, cabelo bonito, um sorriso encantador e roupas da moda. Eu procurei por uma mulher com beleza externa, mas sem valor verdadeiro. E agora vivo em um vazio.
Uma vez eu quase a encontrei. Há muitos anos atrás em Madrid, conheci a filha de um fazendeiro. Seu jeito era simples. Seu amor era puro. Seus olhos eram honestos. Mas a sua aparência era comum. Ela me amou. Ela esteve comigo em todas as situações. Dentro dela havia um brilho de devoção como eu nunca vi antes. Mas eu continuei procurando alguém cuja beleza sobressaísse ao resto. Quantas vezes eu esperei pelo coração bondoso daquela garota da fazenda, seu sorriso doce, sua fidelidade? Se eu soubesse que a verdadeira beleza é encontrada por dentro, não por fora. Se eu soubesse, quantas lágrimas eu teria economizado. Eu teria trocado na hora mil pedras raras pelo coração verdadeiro de quem me amasse. Caro leitor preste atenção ao meu aviso. Olhe as pedras bem de perto antes de abrir a sua carteira. O verdadeiro amor brilha por dentro e fortalece-se com o passar do tempo. Preste atenção à minha advertência. Procure a jóia mais pura. Olhe bem dentro do coração para achar a maior beleza de todas. E quando você achar essa jóia, segure-se a ela e nunca a deixe ir. Porque nela você tem certamente um tesouro muito mais valioso que rubis.
Procure a beleza e perca o amor. Mas procure o amor e encontre ambos.
Por: Max Lucado
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